Sobre Humanos e Flores
Histórias de Migração em Fotos
O projeto
Sobre Humanos e Flores
é uma parceria entre o PAIF/Movimenta CRAS
e a Educomunicação da EPESMEL, inspirado no projeto fotográfico “Humans of New York”.
E tem como objetivo destacar as histórias e retratos de pessoas comuns em sua comunidade, promovendo a empatia e criando conexões significativas.
Histórias
Yuberkys
Cheguei no Brasil há sete meses e há um mês em Londrina. Estou na minha primeira gestação, completando 15 semanas de uma gravidez de risco. No começo, não sabia que estava grávida, e tomei muitos remédios achando ser uma doença, que prejudicou a minha gestação.
O custo dos alimentos básicos na Venezuela está alto. Viemos para o Brasil, para buscar tratamento para o câncer da minha sogra, mas, infelizmente, ela morreu no dia em que cheguei ao país. Meu marido acabou de conseguir um emprego.
Pariaguán – Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Porto Alegre - Rio Grande do Sul
Flores do Campo - Londrina - Paraná
alfred
Me chamo Alfred, na Venezuela trabalhava como vendedor de peixe e verduras. Há treze anos atrás fui baleado, e desde então, a bala está acoplada na minha coluna, me trazendo muita dificuldade para trabalhar, pois sinto dores muito fortes. Vim para o Brasil em busca de tratamento e vivo sozinho por aqui. Os médicos me disseram que há um grande risco de perder os movimentos caso se faça alguma cirurgia de retirada dessa bala.
Puerto la Cruz - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa vista - Roraima
Flores do Campo - Londrina - Paraná
gêneses
Me chamo Gênesis e sou mãe de quatro filhos, tive o primeiro aos 14 anos, hoje ele tem 18. Na Venezuela, trabalhava como cozinheira, vim para o Brasil tratar da minha saúde. Atualmente eu faço tratamento no hospital do câncer de Londrina, mas o tumor que começou na mama, se espalhou para os ossos. Eu prefiro não falar sobre isso, porque Deus me deu a chance de seguir em frente.
Pariaguán – Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Porto Alegre - Rio Grande do Sul
Flores do Campo - Londrina - Paraná
luiz alberto
San Félix - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Flores do Campo - Londrina - Paraná
Me chamo Luiz e sou Pastor, vim para o Brasil com minha esposa e para trazer os meus 3 netos . Na Venezuela o custo dos alimentos era alto e os meus netos não conheciam nem maçã. Fiquei no Brasil para cuidar dos meus netos, pois o novo esposo da minha filha não aceitou as crianças .
Uma das coisas mais difíceis da minha vinda ao Brasil foi fazer a documentação , só trouxe documento venezuelano Tenho minha igreja dentro do Flores do Campo, ganhei o respeito e construí uma boa relação com a comunidade, pois conversava com todos com gentileza e dignidade, inclusive faço parte da associação de moradores do flores.
irene
Sou Irene, tenho 45 anos e estou em Londrina há um ano e oito meses. Cheguei no Brasil em 2016, sozinha, em Pacaraima, e fui para Boa Vista a pé, numa viagem que durou quatro dias. Foi em Roraima que conheci meu companheiro, que é venezuelano. Tenho três filhos que ficaram na Venezuela quando me mudei para o Brasil. Minha filha, veio morar comigo três meses depois, e depois de um ano fui buscar o meu filho caçula, de 12 anos. O meu filho mais velho veio para o Brasil um ano depois do caçula. Desde então, moramos em Roraima, Umuarama, Curitiba e atualmente estamos aqui em Londrina, onde também estou com minha mãe.
Caracas - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Umuarama - Paraná
Curitiba - Paraná
Flores do Campo - Londrina
lemis
Sou a Lemis e moro no Brasil há um ano. Morava na Venezuela e vim para o Brasil pois precisava de uma cirurgia no coração. Para chegar até aqui eu vendi a minha casa pelo preço da passagem e usei o dinheiro na viagem, a casa praticamente foi doada. Viajamos em quatorze pessoas, quatro adultos e dez crianças. Tenho cinco filhos, mas um foi assassinado e três deles estão aqui no Brasil. Quando chegamos aqui ficamos na cidade de Manaus por cinco meses, achei que ficaria por lá, em tratamento médico. Mas a situação da minha saúde me fez vir para Londrina. Para chegar até aqui, viajei por seis dias de ônibus. Já fiz minha cirurgia há dez meses, na Santa Casa. Atualmente, moro com meu esposo, e minha filha com sua família moram perto.
Barrancas del Orinoco -Venezuela
Pacaraima - Roraima
Manaus - Amazonas
Flores do Campo - Londrina
angela
Meu nome é Angela Guzman, tenho 64 anos. Nossa decisão de vir para cá foi motivada pela necessidade de encontrar alimento e pela preocupação com problemas de saúde. Na Venezuela, a situação era muito difícil, e enfrentamos muitos desafios
Vim para o Brasil em 2018 e depois voltei para a Venezuela, mas desde agosto do ano passado voltei para morar . Tenho um total de 8 filhos, 27 netos e 17 bisnetos, um de meus filhos já faleceu.
Três dos meus filhos moram no Brasil e também trouxe meu sobrinho comigo
Caracas - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Flores do Campo - Londrina
astrid
Meu nome é Astrid, tenho 20 anos. Vim para o Brasil com minha filha de 4 anos, meu filho de 2 anos e meu esposo. Estamos aqui há poucas semanas. Infelizmente, minha filha ficou doente durante nossa vinda para o Brasil.
Nossa travessia foi de carro de aplicativo da Venezuela até Roraima.
Ocumare del Tuy - Venezuela
Puerto la Cruz - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Manaus - Amazonas
Flores do Campo - Londrina
Maturín - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Manaus - Amazonas
Frederico Westphalen- Rio Grande do Sul
Chapecó - Santa Catarina
Flores do Campo - Londrina
yusmary
Eu sou uma engenheira petroquímica com 11 anos de experiência na área. A razão fundamental que nos trouxe ao Brasil foi a saúde de nossa filha. Ela sofria de uma doença cujo tratamento na Venezuela era extremamente caro e inacessível. Estávamos em uma situação difícil, onde tínhamos que escolher entre comer e fazer exames médicos que minha filha precisava
Foi por isso que eu e o pai de minha filha decidimos vir para o Brasil. Chegamos ao Brasil em 2019, enquanto nossa filha aguardava com sua avó na Venezuela. Durante esse período, eu vendia café e bolos nas ruas para sustentar nossa família. Passamos sete meses em Manaus, onde a vida era desafiadora.
Nossa filha e sua avó se juntaram a nós em 2020. Mas só em 2022, chegamos a Londrina.
daniela
Meu nome é Daniela, tenho 32 anos e sou colombiana. Conheci meu esposo na Colômbia, onde vivíamos. Mais tarde, decidimos morar na Venezuela.
Em 2019, tomamos a difícil decisão de vir para o Brasil, e eu só trouxe meu documento colombiano comigo. Sou manicure há 14 anos, mas, ao chegar ao Brasil, enfrentei dificuldades para encontrar trabalho e ser independente como sempre fui
A irmã do meu esposo, que já vivia em Londrina, nos convidou a vir para cá. Estamos há um ano em Londrina.
Colômbia
Venezuela
Flores do Campo - Londrina
indira
Meu nome é Indira, tenho 30 anos e nasci em Valência, na Venezuela.
Eu trabalhava na petroleira, que era uma das melhores empresas, fazia os primeiros socorros, cuidava das crianças, quando estavam de férias. Já fui cabeleireira.
Quando engravidei, a situação econômica da Venezuela se agravou. Meu marido, na época, foi para a Colômbia e me deixou sozinha com as crianças e quando voltou, agiu como se nada tivesse acontecido. Então decidi ir também. Num domingo, encontrei uma amiga que estava vindo para o Brasil na terça, ela disse que eu precisava vender as coisas e comprar a passagem pra ir com ela. Pensei que não daria tempo, mas na segunda-feira eu vendi quase todas as coisas, entendi que era um sinal de Deus e decidi ir embora.
Às quatro da manhã, quando estava saindo com as crianças, o pai das crianças disse que eu não levaria meu filho.
Eu tinha um menino de 1 ano, um de 5 anos e uma menina de 9. O menino de 5 anos ficou.
Fomos em um grupo de mulheres e crianças até a fronteira de Santa Elena com o Brasil. As outras mulheres iam pedindo carona e eu ia cuidando das crianças, para economizar dinheiro, essa parte da viagem durou 3 dias.
Quando cheguei em Santa Elena, quase fronteira com Pacaraima, tinha um monte de coiotes querendo negociar nossa passagem e eu não sabia de nada. Nesse processo, as mulheres que estavam comigo atravessaram a fronteira antes de mim, e com o meu dinheiro, mas eu acreditava nelas, pois conhecia parentes e pessoas próximas. prostituindo e que se afastaram de mim porque perceberam que eu não faria isso.
Um coiote que elas desprezaram decidiu me ajudar, ele disse que poderia nos mandar de volta pra casa, pra eu fazer um dinheiro e tentar atravessar a fronteira de novo. Mas minha filha disse que se ele conseguisse nos levar de volta pra casa, conseguiria nos ajudar a chegar no Brasil. Saímos às 3 da manhã, em uma caminhonete, que nos deixou no mato escuro, para andarmos a pé.
Esse lugar estava cheio de ladrões querendo roubar nosso dinheiro, entretanto me protegiam no grupo, porque eu não tinha dinheiro. Andamos muito, eu estava com fome e precisei de ajuda para subir a montanha. Andávamos carregando umas latas para despistar a polícia. Ao chegarmos em Pacaraima, tive que pedir comida e água para os meus filhos, que estavam fracos e choravam muito. Chegamos em uma casa com um monte de venezuelanos, apertados nos quartos, agachados e tinha muita criança.
Era pandemia. consegui ligar para minha família para que vendessem a minha tv e eu conseguisse chegar até Boa Vista. No caminho tentaram me bater, porque meu filho chorava, minha filha se machucou. Foi horrível, ficávamos dentro de lagos para nos esconder. No refúgio fiquei por 3 meses e conheci o rapaz que me ajudou a vir para Londrina. ele veio para cá primeiro e me mandou dinheiro depois para vir.
Aí eu passei por Manaus, São Paulo e cheguei em Londrina. Aqui eu moro com todos os seus filhos, um ano depois eu consegui trazer meu filho que estava na Venezuela.
Valência - Venezuela
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Manaus - Amazonas
São Paulo - São Paulo
Flores do Campo - Londrina - Paraná
yelitza
Meu nome é Yelitza Del Valle, tenho 46 anos. Há um ano, fiz a jornada de Manaus para Londrina. Nesse momento, eu já tinha uma filha que estava no Brasil há 2 anos, o que tornou a decisão de vir para cá mais tranquila, sabendo que teria o apoio dela.
Em relação à minha família, tenho um total de 9 filhos, dos quais 6 estão comigo aqui no Brasil. Essa jornada tem sido desafiadora, mas estou determinada e quero enfrentar os desafios.
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Mucajaí - Roraima
Manaus - Amazonas
Flores do Campo - Londrina
lilimar
Meu nome é Lilimar e nasci em 12 de outubro de 1976. Decidi deixar a Venezuela e vir para o Brasil com apenas 50 dólares no bolso. Cheguei aqui há cinco meses e já estou trabalhando há três meses.
Não vim sozinha, trouxe minha sobrinha de 17 anos e meus filhos. No total tenho três filhos, um deles infelizmente já faleceu, mas meus outros dois filhos, de 25 e 27 anos, estão aqui comigo.
Quanto à minha adaptação aqui no Brasil, posso dizer que tem sido uma experiência positiva. No começo, estava um pouco preocupada, especialmente porque não sabia se conseguia entender o português. No entanto, tenho me esforçado bastante e estou feliz por estar gostando tanto da minha nova vida no Brasil.
Santa Elena de Uairén - Venezuela
Pacaraima - Roraima
Boa Vista - Roraima
Manaus - Amazonas
Flores do Campo - Londrina
Sobre o projeto
A exposição fotográfica é fruto do trabalho articulado entre, o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), do Programa de Ações Complementares do PAIF - Movimenta CRAS, e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) Convivência EPESMEL. O projeto é uma iniciativa que se inspira na exposição fotográfica "Humans of New York" e tem como objetivo retratar a vida cotidiana de pessoas comuns em uma grande cidade. Neste caso, a exposição fotográfica concentra-se em destacar as histórias de migrantes que residem na Ocupação Flores do Campo, localizada na zona norte de Londrina.
Sobre Humanos e Flores
Estima-se que a ocupação possui a maior concentração de migrantes venezuelanos em nosso município. Em virtude dessa situação, ao longo do ano de 2023, o CRAS Norte B, por intermédio do educador Jodair Moreno da assistente social Patrícia Soares realizou a Oficina Identidade, Cultura e Cidadania (ICC), voltada para a população migrante do território com o objetivo de promover o acesso à informação sobre direitos e participação cidadã e a preservação da identidade cultural desse povo em solo brasileiro. As oficinas foram realizadas em parceria com o Programa de Atendimento aos Migrantes, Refugiados e Apátridas, da Cáritas e com o apoio das pesquisadoras voluntárias Laura Franchi e Rafaela Estradiote. A partir das atividades desenvolvidas mensalmente, os participantes elaboraram depoimentos e mapas sobre suas trajetórias até a chegada na nossa cidade. Também estimulamos o sentimento de pertença por meio de oficinas de artes e de informações sobre direitos relacionados à essa comunidade.
Todos os encontros foram planejados com a participação dos próprios beneficiários, que gentilmente aceitaram participar com suas histórias dessa exposição. Com isso, o Serviço PAIF e o Programa Movimenta CRAS se uniram à oficina de Educomunicação da convivência EPESMEL, liderado pela educadora Laís Tobias e com um grupo de adolescentes que tem se destacado no desenvolvimento de uma comunicação popular na política de assistência social do município. Os educandos do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos desempenharam um papel fundamental, conduzindo pesquisas, visitando o território e ouvindo relatos sobre a jornada de migração da Venezuela para o Brasil.
O resultado aqui exposto é composto por fotografias e depoimentos, proporcionando uma visão única das vivências e desafios enfrentados pelos migrantes na comunidade local. Ela celebra a diversidade e a resiliência das pessoas que escolheram migrar e, ao mesmo tempo, busca aumentar a conscientização sobre as complexas questões relacionadas à migração.
Compromissos 2030
Visibilidade e Inclusão
Através da visibilidade das histórias locais, buscamos empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra
Inclusão nas Politicas Públicas
Promover por meio dos encontros de imigrantes reduzir a redução das desigualdades decorrentes de políticas discriminatórias. Sendo realizado por meio da implementação de políticas públicas que buscam a inclusão social.
Implementação de Politicas de Proteção Social
Implementação de políticas de proteção social, que visam alcançar uma maior igualdade gradualmente.
Proteção em área de assentamento
Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar área de assentamento, promovendo e implementando políticas e planos integrados para a inclusão.
Promoção do Estado de Direito
Promover o Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à justiça para todos
Fortalecimento e Desenvolvimento de Instituições Eficazes
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS´s)
Fortalecer o desenvolvimento de instituições eficazes que atendem as politicas publicas no território do Flores do Campo.
Acesso público a informação
Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade com a legislação nacional e os acordos internacionais
Ficha Técnica
Técnicas de referência - CRAS NORTE B
Patrícia Soares - Assistente Social
Fernanda Lopes - Psicóloga.
Educadores
Jodair Moreno - Movimenta CRAS
Laís Tobias de Carvalho - Educomunicação EPESMEL
Educandos EPESMEL
Alysson do Prado
Ana Clara Pelaquim
Ana Heloisa Silva
Ana Luiza Pelaquim
Andrea Dubraska
Anna Loureano
Beatriz Barragan
Cassiane Trindade
David Severino Oliveira
Daniel Isaac
Emily Rocha
Fernanda de Leon
Fernanda Fernandes
Giovana Mel
Hitalo Walace
Joyce Custodio
Laura Leonel
Laura Reis
Leticia Carvalho
Maria Eduarda Pereira
Maria Julia Bittencourt
Mara Clara Martins
Matheus Martins
Nicolas Thiago
Nathan Gabriel
Pietro Cavalcante
Quérem Thayná
Radija Firmino
Samyra Vitoria Bueno
Victor Emanuel
Apoio
Programa de Atendimento e Acompanhamento aos Migrantes, Refugiados, Apátridas e suas Famílias - Cáritas Londrina
Laura Franchi
Rafaela Estradiote
Montagem da Exposição
Josiane Comazi - Educadora do Serviço Convivência
Desenvolvimento do Website
Pietro Cavalcante
Laís Tobias de Carvalho